Thursday, June 29, 2006

Cagando em locais publicos

Chegou a hora de tocar no ponto onde ninguem tem coragem de tocar: cagar fora de casa. E' uma operacao delicada que requer muita atencao, porem muitas familias, por excesso de pudor, faltam com esse dever para com seus filhos, o da transmissao do conhecimento das tecnicas de defecacao em lugares publicos.

Em primeiro lugar, estude o terreno. Em seu trabalho/escola, e' bom conhecer os banheiros mais distantes, menos usados, mais limpos e conservados, mas nem sempre temos a sorte de dispormos de muitos banheiros. Nesse caso, amplie a area de atuacao e ataque nas padarias, farmacias, papelarias, mcdonalds (50% das vezes sao utilizaveis), e nunca em postos de gasolina.

Lembre-se que o estudo do espaco e' dependente do tempo. Existem os horarios chave que devem ser estudados para os banheiros escolhidos: apos a visita da faxineira, ou bem de manha, quando poucas pessoas o utilizaram, sao boas escolhas. O horario entre meia hora e uma hora depois do almoco deve ser evitado. Certos dias da semana sao importantes em alguns lugares.

O que deve ser avaliado num banheiro: eficiencia da descarga (pense num entupimento), condicoes da fechadura (a porta trava?), qualidade estrutural do assento (nada pior que "afundar" no vaso no meio de uma operacao, devido a um assento pouco rigido), existencia farta de papel higienico, sabao, nivel de limpeza medio, privacidade (quanto menos cabininhas, melhor), e perfil das pessoas que o frequentam.

A cor branca, pessoalmente, e' uma das mais agradaveis para um lavabus. O criterio "ambiente" e' muito importante tambem na hora de expelir detritos, nesse caso um banheiro pouco frequentado, silencioso, limpo e com cores claras facilita o trabalho, e mesmo possibilita o mesmo, no caso de pessoas muito acanhadas.

Observadas essas qualidades, voce tera' condicoes de tracar um mapa com os banheiros disponiveis em sua area de atuacao com indices de usabilidade, proximidade e agradabilidade. No entanto, nem mesmo no banheiro numero um na sua lista voce podera defecar de olhos vendados, pois a questao aqui sao banheiros publicos, ou seja, n outras pessoas (n>1) cujos habitos higienicos voce desconhece o utilizarao, alem de voce.

Uma boa dica e' pegar um bocado de papel higienico e besunta-lo com sabao para lavar as maos. Esfregue o assento da privada com cuidado e deixe agir, enquanto voce remove casacos e outros penduricalhos que atrapalhem o processo. Passados alguns segundos (que ninguem pode esperar minutos, afinal!), tire o excesso de sabao [e, esperancosamente, microbios mortos (se houverem macrobios, procure outro banheiro ou va para o plano B abaixo ) ] com papel higienico e proceda `a construcao do sobretampo de papel.

Alguns banheiros mais chiques disponibilizam papeis com o formato do assento com essa finalidade, mas nao conte com isso: faca camadas duplas de papel higienico sobre cada lado do assento, se preferir repita o procedimento. Nas farmacias voce pode encontrar um protetor de assento feito de plastico (3 unidades = 1.67 R$), mas e' desconfortavel e requer manipulacao do assento, o que nao recomendo. Alias, recomendo o uso de luvas de latex descartaveis em suas idas ao banheiro.

Antes de usar o papel higienico, cheque a quantidade: devera' haver no minimo meio rolo disponivel, recuse-se a utilizar o banheiro com menos que isso. Descarte tambem as oito primeiras voltas de papel higienico, assim ele estara' mais ou menos limpo.

Na duvida, assuma que o chao e' tao sujo quanto o interior do vaso. Se algum objeto cair no chao, pergunte-se "Isso e' muito necessario para a minha vida?" A unica excecao que abri foi para meu iPod. Se o papel higienico cair no chao, esqueca-se que ele existiu um dia, ou descarte meio rolo antes de continuar.

Outras dicas:

- Seja camarada com seu vizinho de banheiro: evite fazer barulhos, nao o apresse (no caso de estar esperando sua vez), nao converse, nao cante.

- Ao sentir as pontadas anunciando, nao hesite: consulte logo sua tabela de banheiros e va'. Pois e' inevitavel e quanto mais voce postergar, menos tempo tera' para preparar o campo de batalha.

- Seja criativo: diga coisas como "Vou de encontro ao meu destino", "Vou fazer o que faco melhor", "Tenho um encontro com o Dr. Barroso".

- Em emergencias, os homens podem invadir o banheiro das mulheres. Se instado a explicar-se, devera' apelar para argumentos como "sou novo aqui", "me confundi" ou "o dos homens estava ocupado e eu com muita necessidade".

- Em casos extremos, agache-se: melhor sua propria materia que a de outrem.

Thursday, June 08, 2006

Eu, programador

Gosto de programar, e isso faz de mim um pessimo programador `as vezes. Pois gosto de reinventar a roda, e nao fico satisfeito de usar alguma coisa se nao sei como funciona internamente.

Por exemplo, aos 15,16 anos eu gostava de programar jogos. Mas nunca procurei por APIs ou bibliotecas prontas, ou mesmo um engine pronto. Meu lance era fazer cada funcao no Assembler mesmo, sem choro. Destaco que aos 17 comprei um livrasso, chamado "Zen of Graphics", que versa sobre o tema de fazer rotinas graficas em geral em C trivial, C otimizado e finalmente Assembler. Por isso nao passei no vestibular naquele ano.

Outro exemplo: no trabalho de conclusão de curso do 3o. colegial, era preciso escrever um sisteminha de controle de notas. Enquanto todo mundo fez em clipper e aproveitou a vida, eu fiz em C. Sim. Cheguei a escrever API de banco de dados (com chave e tudo!), controle de formulários (modo texto) e de menus pulldown (ei! estavamos em 1997!!). Um professor admitiu, a contragosto, que não tinha condições de avaliar meu programa por não saber C e deu 10. Outra professora deu 10, sem perceber que eu esqueci de enviar 5 páginas de código (eram 78). A sensação de superioridade intelectual foi boa, mas eu não conheci nenhuma mulher nesse período - não no sentido bíblico.

Não escrevi muitos programas completos na minha vida. Ao iniciar um projeto, por escrever simplesmente tudo do começo eu esbarrava em tantas dificuldades que percebi: só podia começar a programar após fazer minha API completa de graficos 2D, estruturas de dados. Ok. Levei um bom tempo. Depois, o projeto do meu jogo ficou mais complexo, eu queria usar o mouse, abrir janelas. Adivinha? É.... fiz um esquema de componentes visuais em C++. O projeto foi abortado pois achei um bug no GCC e o código não compilava de maneira alguma. Mas eu já havia feito um editor de sprites e um mini-jogo de navinha. Tudo foi perdido no 1o. Grande Crash da HD.

E hoje as coisas não são diferentes. Escrevi meu próprio sistema de montar formulários de edição de tabelas simples e relacionais. Funciona? Funciona. Mas eu não aposto minha mão nisso. Tem n^pi sistemas quase-parecidos que eu podia pegar, melhorar, contribuir com o free software e fazer um serviço melhor. Mas não, eu quis pegar e fazer desde o começo. Pq eu GOSTO!

Claro que essa programança infinita me deu alguma coisa. Não que hoje meu conhecimento sobre algoritmos de fazer círculos em 10 ciclos de clock sejam utilizados diariamente, mas adquiri uma capacidade absurda de debugação. Não imaginam quantas linhas de código eu debuguei na minha vida. Outra coisa. Eu sou bem lerdinho pra aprender, então essa experiência foi necessaria pra eu aprender alguns fatos, como que notação húngara é um pesadelo, que fazer ponteiros void* em C é bico, pegar interrupções do sistema é bem melhor que ficar checando o status o tempo todo, etc.

São fatos bem conhecidos da literatura mas eu sou assim mesmo - lerdo. Hoje em dia eu consigo usar coisas semi-prontas sem me revoltar. Não que alguns dias eu não pense coisas como "hum... vou estudar a sintaxe do arquivo PDF pra gerar meus próprios PDFs", afinal é disso que somos feitos =)

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