Friday, September 04, 2009

The Mars Volta - Bedslam in Goliath


Ouvi o Mars Volta por volta* de julho desse ano, através do Grande Chinésio, na casa do Mestre JP. Foi lá que vi mais um capítulo da minha velhice se demonstrar: perdi 5 reais no poker (num "all-in" de inacreditável burrice) e demorei para distinguir alguma música. Tava tocando a tal banda. Entre uma conversa e outra, eu reparava um barulho bizarro assemelhado a instrumentos musicais fazendo coisas muito complexas ao mesmo tempo.

Sempre me orgulhei de gostar de música bizarra: King Crimson acima de tudo, Kraftwerk marginalmente, Sonic Youth, Shostakowich, A Sagração da Primavera, enfim, tudo que foge do normal. Até o Araçá Azul, esse vai merecer um post um dia quem sabe? Tenho um particular apreço pelo Rock Progressivo, pois comecei minha carreira de apreciador de música com estes, preferidos pelo meu Pai. Mas sempre hesitei em cadastrar Rush, Marillion, Dream Theater na mesma categoria. Eles estão num nível de bizarrice inferior aos meus favoritos. Depois cansei de classificar e passei a taxonomizar.

Bão, o disco em questão foi ouvido à exaustão essa semana, e não enjoei - agora já sei o que vai acontecer depois de uma determinada parte, e não preciso prestar tanta atenção para apreciar. Pois quando você colocar esse disco no iPod e ouve fazendo outra coisa, é alta a probablilidade de não gostar e não entender nada. Eu tive que ouvir muito concentrado, pra acostumar com a forma de fazer as coisas desses caras - e gostei!

Goliath, pra mim, é o 21st Schizoid Man do século 21. A estrutura e algumas frases me remetem diretamente a essa outra música do Crimson, especialmente quando esta última vai para a parte instrumental.

Uma coisa muito interessante é que nem sempre é óbvio onde uma música termina e a outra começa. Por exemplo, Aberinkula parece terminar no meio da música, quando tudo fica silencioso e um riff bem diferente entra, e parece também avançar na próxima, pois os temas são muito similares.

Minha preferida acho que é Cavaletas, que consiste basicamente em dois temas que se repetem na música, e seguem o padrão:
1) silêncio
2) banda tocando coerentemente
3) ruídos são inseridos, os instrumentos vão desviando-se das partes aos poucos
4) ficam apenas os ruídos
5) repete

É meio que "The talking drum" do Crimson com uma dinâmica diferente. Essa tem apenas um ciclo desses, mais trabalhado e com construção de uma baita tensão no ouvinte, através do volume, ruído e dissonância dos acordes. Cavaletas é como se a banda fosse epilética, e tomasse o remédio de vez em quando para voltar ao normal =)

Muito à maneira do Rush, palavras grandes e difíceis (como "Epidemics", "Time-space", "Semantics") pontuam a letra. O vocal é parecido também, e não fica incólume da enxorrada de efeitos e distorções que afetam todos os outros instrumentos. Temos sopros e violinos também!

E, ao contrário do que parece ser o denominador comum das bandas ditas "progressivas", não há preocupação em demonstrar virtuosismo (acho que nesse ponto os anos 80 traumatizaram bastante). Se a música tem um ritmo rápido ou lento, parece sempre adequado. O virtuosismo instrumental serve ao da composição como um todo - mais um ponto positivo pra mim.

Opinião geral? Vai morar no iPod pra sempre. Fazia muuuuito tempo que eu não ouvia alguma coisa que me fizesse parar e me concentrar no que estava ouvindo. Agora tem mais discos pra eu ouvir +)










* hehe

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