Sunday, May 02, 2010

3D

A tecnologia de filmes 3d está de volta - nos anos 70 foram lançados alguns filmes que utilizavam-se daqueles óculos de celofane vermelho e azul. Aliás tem um disco do Grand Funk cuja capa é assim, e vc destacava um óculos desses para contemplá-lo. Acho que foi em 2004 que teve a tour do Kiss com show em 3D. Não, os integrantes da banda e o palco estavam, como de costume, em 2.7D (lab I), mas havia momentos em que o telão exibia imagens estereoscópicas (lembrei o nome), que seriam contempladas por alguns sortudos que conseguiram pegar (ao menos) um óculos, eu excluído.

Esse sistema é o mais criativo na minha opinião, e mais barato de implementar. Pô, celofane! e qualquer tv ou cinema poderia se utilizar do sistema, pois não exigia nenhum tipo especial de projeção. Porém, o celofane, colorido, que é o pulo do gato, mascara as cores (um celofane azul torna tudo azulado né?) e ver vermelho com um olho e azul com o outro é meio estranho, convenhamos.

No final dos anos 80 havia o infame óculos 3D do master system. Very nice, eu tenho um até hoje =). O princípio era de exibir, na TV, um (ou N) frame(s) contendo a informação para o olho direito e depois o mesmo número de frames para o olho esquerdo. Enquanto isso, o óculo esquerdo e o direito alternavam-se na fechação, então vc ficava com um treco na fuça que piscava, sei lá, 30 vezes por segundo em cada olho.

Um sistema 3D bem inovador - o óculos era bem modernoso e eu usaria ele por aí, se eu já não usasse óculos - porém a dor de cabeça... aquela piscação toda gera uma confusão e cansa a vista rapidinho. Se vc não estiver bem alinhado com a TV, o efeito se perde. Sem contar que os gráficos do master system e seu poder incrível de processamento não são capazes de gerar muita coisa interessante - onde vc consegue imaginar um mega efeito 3D num jogo de plataforma como alex kidd?

Nos anos 90 a única inovação 3D que eu tive contato foram os famosos pôsteres 3D, onde a tecnologia era "ficar estrábico", numa espécie de bocejo do olho, e a algaravia visual se juntava magicamente numa imagem de um coelhinho 3D. Fora o enorme número de gente que não via de jeito nenhum, foi um modismo passageiro, e o mais legal era ver as pessoas encostando a porcaria do poster no nariz e afastá-lo, tentando enxergar alguma coisa.

Agora o 3D tá de volta em grande estilo, com óculos que combinam um pouquinho do azul/vermelho com um treco muito legal que aprendi no 3o ano de física - polaridade da luz.

A luz pode ser entendida como um feixe de partículas (chamadas fótons), e o processo de enxergar consiste na estimulação de certas células dos olhos por essa luz, mais o algoritmo cerebral necessário. A energia dessa partícula é proporcional ao seu comprimento de onda (que pode ser medida em Angstrom, ou 10^-10m) dá a cor da danada. Num mesmo meio, todas tem a mesma velocidade, não importa a cor.

Além dessa propriedade, há outra, que é a polaridade. Não tem nada a ver com magnetismo, digamos que cada fóton é orientado numa direção: pra cima, pro lado, 45o a norte de Constantinopla. Nosso olho não diferencia a polaridade, enxergamos luz com qualquer polaridade.

O óculos 3D atual acaba com isso - cada "lente" filtra a luz de acordo com sua polaridade. Digamos que a direita filtra os fótons com polaridade "pra cima", e a da esquerda filtra aqueles com polaridade "pro lado". O projetor desses filmes tem que ser especial, emitindo as imagens correspondentes ao olho direito apenas na polaridade "pra cima" e ao esquerdo, na "pro lado". As luzes se misturam na tela e, sem óculos, fica aquela borradeira, pois sem óculos, cada olho enxerga o que devia ser visto pelos dois.

Reparei no óculos que recebi ontem, para assistir o "Alice", que cada "lente" tinha também uma coloração azul/vermelha, então imagino que além da polaridade, eles se utilizam do velho filtro de cores.

Os efeitos do filme são muito impressionantes mesmo, porém claro que achei vários defeitos... primeiro, quem é míope ou astigmata (sou ambos) tem que utilizar dois óculos, e isso faz com que apareçam sombras na imagem (resultado do reflexo do reflexo da imagem no interior do óculos 3D, reflexo gerado pelo óculos de verdade). Inclinar a cabeça, assistir de muito perto ou muito de lado também atrapalha a assistência do filme e causa dor de cabeça.

Mas o mais sério, pra mim, é um problema de foco e de luminosidade. Este último é devido ao fato de que, se vc está filtrando a luz em ambos os olhos, você vai receber menos fótons. A intensidade da luz no cinema continua a mesma que em filmes não-3D, então a imagem fica mais escura. Porém o problema do foco é complicado de resolver.

Em cada cena há objetos em foco e outros fora - ora, quando olhamos para qualquer objeto, os demais ficam fora de foco. Porém, num filme, ou na vida real você às vezes presta atenção em coisas que não estão no plano principal. O foco num filme 3D é determinado pela câmera, então apenas o que o diretor quis aparece em foco. E a sensação de realidade em 3D é tão grande que vc tenta focar outro objeto inconscientemente (nunca me peguei tentando fazer isso num filme 2D).

Brincar com os óculos pode ser divertido! Por exemplo, já que cada fóton tem apenas uma polarização e cada lente do óculos pega fótons em polarizações perpendiculares (um de lado e um pra cima), o que se vê se vc junta dois filtros diferentes?

Assistir com os óculos ao contrário também é interessante, pois cada olho recebe a informação destinada ao outro, e as profundidades ficam invertidas - quanto mais profundo era pra ser, mais perto da sua visão fica, e vice versa.

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